Reza a lenda que na freguesia de Currelos, em Carregal do Sal, existia um castelo denominado Dona Branca. E nesse castelo vivia uma fidalga chamada Dona Branca de Vilhena, que era muito feliz com o seu marido.
Um dia, engravidou e passado nove meses deu à luz gémeos. Assustada por nascerem dois bebés pensou que o seu marido não ia compreender e que fosse pensar que um dos filhos não era seu. A fidalga preocupada manda então chamar um homem de sua confiança e pede-lhe que leve a segunda criança nascida e que a mate. Como prova do acontecimento quer que este lhe traga a língua do bebé. O homem dirigiu-se para um local deserto mas ficou com tanta pena do desprotegido que resolveu dar a criança a um moleiro que por lá passou. E os dois acordaram tirar a língua a um cão para dar como prova à fidalga.
Dona Branca carregou sempre o fardo de ter mandado matar o seu filho. Por alturas da festa do Espírito Santo, a fidalga, o marido e o filho resolveram ir à festa. No caminho encontraram um moleiro com o outro gémeo. O marido ao ver que os dois jovens eram semelhantes perguntou à mulher se os dois podiam ficar a viver juntos no castelo. Esta apercebeu-se de que era o seu outro filho, ficou muito pálida e acenou com a cabeça que sim. Na primeira noite que os dois gémeos dormiram juntos no castelo, Dona Branca dirigiu-se à janela e suicidou-se, pensando que o marido a julgava infiel. O que nunca aconteceu.
Os habitantes de Currelos dizem que muitas vezes ouvem Dona Branca a chorar perto do castelo.